quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Esperança contra o autismo

Como um pesquisador brasileiro fez neurônios doentes se comportarem como normais
CRISTIANE SEGATTO
 Reprodução
CRISTIANE SEGATTO 
Repórter especial, faz parte da equipe de ÉPOCA desde o lançamento da revista, em 1998. Escreve sobre medicina há 15 anos e ganhou mais de 10 prêmios nacionais de jornalismo. Para falar com ela, o e-mail de contato écristianes@edglobo.com.br
O autismo é um dos mais intrigantes transtornos do desenvolvimento humano. Não é uma doença única, mas uma síndrome compostas por diversos males neurológicos que têm em comum duas características: deficiências no contato social e comportamento repetitivo. Durante muito tempo, acreditou-se que as crianças eram acometidas pela doença simplesmente porque não receberam afeto dos pais. Nas últimas décadas essa visão foi substituída pela certeza de que o problema é provocado por um distúrbio biológico no cérebro. A mais impressionante evidência disso foi divulgada hoje (11) pela revista científica Cell. 


A equipe liderada pelo biólogo brasileiro Alysson Muotri, professor da Universidade da Califórnia, em San Diego, conseguiu três feitos inéditos e impactantes: 


1) criou neurônios autistas em laboratório 


2) revelou que eles são diferentes dos neurônios normais desde o início do desenvolvimento 


3) conseguiu tratar os neurônios autistas e fazer com que eles se comportassem como neurônios normais 


Nesse trabalho, Muotri decidiu trabalhar apenas com autistas portadores da síndrome de Rett - uma forma grave da doença. Os indivíduos que sofrem desse problema se desenvolvem normalmente até o primeiro ano de vida. A partir dessa fase, começa uma regressão acentuada. Além de apresentar comportamento autista, os pacientes perdem a coordenação motora e sofrem de rigidez muscular. Muitos morrem na juventude.




A síndrome de Rett foi escolhida pela equipe porque tem uma causa genética clara. Sabe-se que é provocada por mutações no gene conhecido como MeCP2. Além disso, os neurônios são afetados de forma mais dramática do que nos casos de autismo sem causa determinada. 


Para investigar como a doença se origina, Muotri decidiu criar neurônios autistas em laboratório. Células da pele de pacientes foram extraídas por meio de uma biópsia simples. Elas receberam quatro genes que as induziram a se comportar como se fossem células-tronco embrionárias.As novas células tornaram-se capazes de dar origem a qualquer tipo de tecido.
Essas células são conhecidas no meio científico como células-tronco de pluripotência induzida (iPS). O método foi descrito pela primeira vez pelo japonês Shinya Yamanaka em 2006. Atualmente é empregado no estudo de várias doenças porque elimina a necessidade de descarte de embriões humanos e todos os dilemas morais decorrentes disso. 


Em seguida, a equipe de Muotri adicionou vitamina A e outros fatores para induzir as células iPS a se transformar em neurônios. Deu certo. Como o genoma dessas células veio de pacientes autistas, pela primeira vez na história cientistas conseguiram criar neurônios autistas em laboratório e testemunhar o funcionamento deles desde o início do desenvolvimento. Observar o desenvolviemnto de um neurônio doente numa placa de Petri não é a mesma coisa que testemunhar isso dentro do cérebro de um paciente. Mas é um grande começo. 
   Divulgação
DIFERENÇA

Os cientistas criaram neurônios a partir de células da pele de autistas e de pessoas normais. Os pontos vermelhos são as sinapses (ponto de contato onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos, de uma célula para outra). Os neurônios autistas (acima) formam menos sinapses que os neurônios normais
O grupo observou que o tamanho do núcleo dos neurônios autistas é menor do que o núcleo dos neurônios normais. O número de sinapses (pontos de contato onde ocorre a transmissão de impulsos nervosos entre uma célula e outra) também é reduzido nos neurônios autistas.
“Conseguimos demonstrar muito claramente que o autismo é uma doença biológica causada provavelmente por um defeito genético”, diz Muotri. “Esses neurônios criados em laboratório não sofreram a influência de nenhum fator ambiental e, mesmo assim, eram autistas”. 


Se já é possível criar neurônios autistas, será que em breve será possível “consertá-los”? A equipe de Muotri também investigou isso. Duas drogas foram usadas na tentativa de curar os neurônios: o fator de crescimento de insulina 1 (IGF-1) e a gentamicina. O resultado foi muito motivador. Os neurônios autistas tratados passaram a se comportar como se fossem neurônios normais. 


“Isso é fantástico, uma esperança de que a cura é possível”, diz Muotri. O trabalho indica que o estado autista não é permanente - e sim reversível. “Mostramos que é possível tratar esses neurônios antes dos sintomas aparecerem”, diz. 


Nenhuma das duas drogas, porém, podem ser usadas atualmente em pacientes. Uma delas não cruza a barreira hematoencefálica (membrana que protege o cérebro de substâncias químicas presentes no sangue). A outra droga é tóxica. Mas o método pode ser usado para testar novas drogas desenvolvidas com o objetivo de reverter o autismo. Também pode dar origem a um teste de diagnóstico inequívoco baseado num material abundante e de simples acesso: células da pele. 


“O mais surpreendente é que por esse método pudemos reconstituir a história de uma doença psiquiátrica numa placa de Petri”, diz Fred Gage, professor do Laboratório de Genética do Instituto Salk, em San Diego. É possível que em breve outras doenças psiquiátricas possam ser esclarecidas da mesma forma.

Divulgação
ALYSSON MUOTRI 
O pesquisador no laboratório do Instituto Salk, onde aprendeu a transformar células-tronco embrionárias em neurônios. Atualmente é professor da Universidade da Califórnia, em San Diego, e trabalha com células da pele 

O grupo de Gage também participou do trabalho. Foi com ele que Muotri aprendeu a transformar células-tronco embrionárias em neurônios. Gage orientou o pós-doutorado de Muotri no Instituto Salk. Desde então, o brasileiro galgou vários degraus. Em 2008, tornou-se coordenador de um laboratório na Universidade da Califórnia. Coordena 12 pessoas. No ano passado, recebeu US$ 1,5 milhão do National Institutes of Health (NIH) para aplicar nas pesquisas. Outro trabalho com os neurônios autistas foi aceito pela revista Nature e deve ser publicado na próxima semana.
Filho de um advogado e de uma comerciante que tinha uma papelaria no bairro de Pinheiros, em São Paulo, Muotri vive há oito anos nos Estados Unidos. É casado com a bióloga paulistana Carol Marchetto, uma das autoras do trabalho. Eles se conheceram no Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Junto com o colega Cassiano Carromeu, formam o trio de brasileiros que assina o trabalho junto com outros seis pesquisadores estrangeiros. 


Carol e Muotri não pretendem sair de San Diego tão cedo. Lá encontraram condições ideais (dinheiro, liberdade, metas) para realizar pesquisa científica e uma qualidade de vida que o fez recusar convites para trabalhar em Boston e em Nova York. 


Em San Diego, Muotri descobriu o surfe e a ioga. “A pressão no ambiente acadêmico é tão grande que o cientista precisa ter preparo físico para suportar”, diz. “O surfe e a ioga me equilibram e me ajudam a lidar com as pressões”. Se a prática do esporte é proporcional aos insights que Muotri vem acumulando, vamos torcer para que ele continue pegando muitas ondas.
                                                                                                   Fonte: Revista Época.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Especial, frutas vermelhas.

Fitoquímico vermelho essencial para a saúde humana.


O licopeno é um fitoquímico vermelho brilhante encontrado em frutas e legumes.
Embora não seja uma vitamina essencial, é um dos mais poderosos antioxidantes.
 Os antioxidantes são responsáveis por reduzirem a 
quantidade de radicais livres
 encontrados no corpo humano. O consumo regular de licopeno
 pode ajudar a reduzir o risco de doenças cardíacas, acidente vascular cerebral,
 câncer de próstata e câncer de mama, câncer de estômago, pulmões e osteoporose.

Este fitoquímico não é tóxico e pode ser consumido em grandes quantidades, apesar de que o consumo exagerado de alimentos ricos em licopeno podem dar à pele uma coloração vermelha temporária.

O mais conhecido dos alimentos ricos em licopeno é sem dúvida o tomate. Este é uma boa fonte de licopeno quando fresco, no entanto quando o submetemos à altas temperaturas, expomos até três vezes mais licopeno, sendo assim mais interessante consumi-lo cozido sobre a forma de molho. Quanto mais vermelho e maduro os tomates, maior é a concentração de licopeno ali presentes. É importante lembrarmos ainda que o licopeno é solúvel em gordura, logo, para tirar todo o proveito do licopeno e garantir sua absorção, refogue o tomate maduro sempre com um pouco de azeite, tornando-o assim facilmente absorvível.

Lembre-se então: A biodisponibilidade ou absorção de licopeno é maior em produtos que utilizam tomates cozidos, e influenciados pela quantidade de gordura da refeição. 

A melancia e a goiaba também contém licopeno, sendo também fontes de vitamina C. Estes poderão ser consumidos frescos ou em saladas. É importante dizermos aqui que a goiaba é classificada como uma "superfruta", devido aos seus vantajosos valores nutricionais. A goiaba pode conter até quatro vezes mais vitamina C se comparada as laranjas, assim como a vitamina A. As sementes da goiaba são fontes de ômega-3 e fibras alimentares.


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  Frutas vermelhas garantem memória afiada
Açaí, morango e mirtilo podem ajudar a garantir a saúde do cérebro nos idosos

Um estudo divulgado no Encontro Nacional da Sociedade Química dos EUA concluiu que açaí, morango e mirtilo podem ajudar a garantir a saúde do cérebro nos idosos. Esses frutos ativam um mecanismo de defesa do órgão, que limpa e recicla proteínas tóxicas ligadas a problemas mentais como perda de memória. Estudos anteriores, em que ratos foram alimentados durante dois meses com dietas contendo 2% de morango e mirtilo apresentaram recuperação de nervos e de padrões de comportamento ligados às atividades de aprendizado e reconhecimento. Segundo Shibu Poulose, autor do estudo, as micróglias são as células responsáveis pela operação de limpeza no cérebro, removendo substâncias que atrapalhariam as funções cognitivas do cérebro. Ele acredita que, com o tempo, essas estruturas deixam de funcionar corretamente, acarretando acúmulo de toxinas. Os compostos polifenólicos das três frutas restauram a capacidade das micróglias ao bloquear a ação de uma proteína que inibe o mecanismo de limpeza do cérebro.


Os shakes de emagrecimento podem ser consumidos com leite quente? 
Pedro diego, São Sebastião, SP 
A nutricionista Fernanda Giácomo, não vê problemas em consumir esses produtos com leite quente,
desde que no rótulo indique que as propriedades do shake não serão alteradas. Já os nutricionistas
 da Herbalife, empresa que fabrica grande variedade do produto, não orientam o consumo do shake
com leite quente, uma vez que eles são desenvolvidos para serem consumidos apenas como bebida
fria.

Fotos: Shutterstock / Divulgação
FRITURA SEM ÓLEO
Agora é possível fritar ovos sem usar nenhum fio de óleo. Isso porque a frigideira especial para ovos possui a tecnologia Expert Pro, que não o deixa grudar. O utensílio tem o exclusivo indicador Thermospot, que muda de cor quando atinge a temperatura adequada. 


Troca esperta
Os vegetais são indispensáveis numa dieta saudável. Mas é preciso variar o
cardápio e dar preferência àqueles mais nutritivos. Veja a dica da nutricionista
 Lívia Nogueira:

Alface é rica em vitaminas A e C e cálcio, porém em menor valor que a couve,
por exemplo. Além disso, não possui grande quantidade de ferro como as verduras
de folhas verde-escuras.
Fotos: Shutterstock / Divulgação
Couve é rica em cálcio, fósforo, ferro e vitaminas A e do complexo B.
No geral, os vegetais de cor verde-escura possuem quantidade de vitaminas, variedade
e absorção maiores que os vegetais verde-claros.

5 verdades sobre o arroz preto
1. Possui ômega-3, considerada a gordura boa para o organismo.
2. Sua película é rica em fibras, vitaminas A e do complexo B,
proteínas, compostos fenólicos, niacina, ácido nicotínico, ácido pantatênico e pró-vitaminas C e E.
3. Contém 30% mais fibras quando comparado ao arroz branco.
4. Possui altos índices de antocianina e antioxidantes, substâncias que garantem sua cor escura, ajudam na proteção das artérias e previnem as lesões no DNA que desencadeiam o câncer.
5. O arroz preto era conhecido na China como “arroz proibido”, porque era apreciado
somente por pessoas de classe nobre.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Saúde abre consulta pública para atualizar diagnóstico e tratamento do AVC



por Carolina Pimentel l Agência Brasil
01/11/2010
De 2005 a 2009, foram registradas, por ano, cerca de 170 mil internações por AVC, com base em dados do SUS
Brasília – O Ministério da Saúde abriu discussão para atualizar o diagnóstico e o tratamento de pacientes acometidos por acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame. O governo colocou na sexta - feira (29) em consulta pública proposta com orientações aos profissionais de saúde para o diagnóstico, tratamento e assistência aos pacientes com a doença. O objetivo é reduzir o número de mortes e sequelas. A iniciativa marcou o Dia Mundial de Combate ao AVC.





O acidente vascular cerebral é a segunda maior causa de morte e a principal causa de incapacidade no mundo. De 2005 a 2009, foram registradas, por ano, cerca de 170 mil internações por AVC, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 17% dos casos, o paciente morreu. Cerca de 25% dos pacientes com AVC morrem depois de um mês, 60% após seis meses e metade deles depois de um ano.
No documento, o ministério propõe que seja usado o medicamento Alteplase por ele reduzir em 30% as chances de sequelas se aplicado quatro horas após os primeiros sintomas de AVC. O remédio age na dissolução dos coágulos responsáveis por obstruir o fluxo sanguíneo no cérebro.
A população pode enviar as sugestões à consulta pública do Ministério da Saúde sobre o tratamento do AVC para o e-mail pcdt.consulta2010@saude.gov.br. A consulta ficará aberta por 30 dias.
O AVC é causado pela interrupção brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral provocada por um coágulo, denominado isquêmico, ou o rompimento de um vaso sanguíneo provocando sangramento no cérebro, chamado hemorrágico. O AVC isquêmico é o mais comum, representando mais de 80% dos casos da doença.
Os sintomas de um AVC são fraqueza ou dormência súbita em um lado do corpo, dificuldade para falar, entender o interlocutor ou enxergar, tontura repentina e dor de cabeça muito forte sem motivo aparente. Os fatores que aumentam as chances de ocorrer um AVC são: hipertensão, diabetes, fumo, álcool, alta taxa de colesterol e sedentarismo. A doença atinge principalmente idosos com mais de 60 anos de idade, porém há registros de ocorrências em jovens e recém-nascidos.
Segundo os especialistas, é possível prevenir a doença com hábitos saudáveis no decorrer da vida, como prática de exercícios. No entanto, eles alertam que a maioria dos brasileiros ainda desconhece os sintomas do AVC e não procura o atendimento médico de emergência.

Cientistas avançam em estudo de proteína que destrói câncer


Proteína, chamada perforina, perfura células tomadas por vírus ou que se transformaram em células cancerígenas

Cientistas australianos e britânicos observaram pela primeira vez o funcionamento de uma proteína capaz de destruir células cancerígenas de seu interior, avanço que permitirá avançar no tratamento contra o câncer, a malária e o diabetes, revelaram nesta segunda-feira os pesquisadores. A descrição da estrutura molecular desta proteína, chamada perforina, e seu funcionamento, foram publicados na última edição da revista "Nature". 

"Esta proteína perfura células tomadas por vírus ou que se transformaram em células cancerígenas e permite a entrada de enzimas tóxicas que depois as matam de seu interior", explicou em comunicado o responsável pelo projeto, James Whisstock, da Universidade de Monash, em Melbourne. "Sem esta proteína nosso sistema imunológico não pode destruir estas células. 

Agora que sabemos como é seu funcionamento, podemos começar a ver como é possível combater o câncer, a malária e o diabetes", acrescentou Whisstock. A pesquisa, que durou dez anos, conclui as observações que o prêmio Nobel Jules Bordet iniciou há cerca de 110 anos. 

"A descoberta dá uma resposta fundamental ao mistério da imunologia", disse Whisstock, quem ressaltou que sua experiência com ratos revelou que a insuficiência de perforina acelera o desenvolvimento de tumores e, em particular, de leucemia. 

Segundo Whisstock, a proteína também pode atacar células sãs por uma deficiência do sistema imunológico, como no estádio inicial do diabetes, ou pela rejeição de um tecido após um transplante de medula óssea. A pesquisa contou com cientistas da Univesidade de Monash, do Centro de Câncer Peter MacCallum, também em Melbourne, e do Birkbeck College, em Londres.